sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

CLUBE DE LEITURA - FEVEREIRO



Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada. As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.

 Livro indicado: “Perguntem a Sarah Gross" de João Pinto Coelho

 Data: 22 fevereiro 2018, 21h00

Sinopse: Em 1968, Kimberly Parker, uma jovem professora de Literatura, atravessa os Estados Unidos para ir ensinar no colégio mais elitista da Nova Inglaterra, dirigido por uma mulher carismática e misteriosa chamada Sarah Gross. Foge de um segredo terrível e procura em St. Oswald’s a paz possível com a companhia da exuberante Miranda, o encanto e a sensibilidade de Clement e sobretudo a cumplicidade de Sarah. Mas a verdade persegue Kimberly até ali e, no dia em que toma a decisão que a poderia salvar, uma tragédia abala inesperadamente a instituição centenária, abrindo as portas a um passado avassalador.
Nos corredores da universidade ou no apertado gueto de Cracóvia; à sombra dos choupos de Birkenau ou pelas ruas de Auschwitz quando ainda era uma cidade feliz, Kimberly mergulha numa história brutal de dor e sobrevivência para a qual ninguém a preparou.
Rigoroso, imaginativo e profundamente cinematográfico, com diálogos magistrais e personagens inesquecíveis, Perguntem a Sarah Gross é um romance trepidante que nos dá a conhecer a cidade que se tornou o mais famoso campo de extermínio da História. A obra foi finalista do prémio LeYa em 2014.


João Pinto Coelho nasceu em Londres em 1967. Licenciou-se em Arquitetura em 1992 e viveu a maior parte da sua vida em Lisboa. Passou diversas temporadas nos Estados Unidos, onde chegou a trabalhar num teatro profissional perto de Nova Iorque e dos cenários que evoca neste romance. Em 2009 e 2011 integrou duas ações do Conselho da Europa que tiveram lugar em Auschwitz (Oswiécim), na Polónia, trabalhando de perto com diversos investigadores sobre o Holocausto. No mesmo período, concebeu e implementou o projeto Auschwitz in 1st Per-son/A Letter to Meir Berkovich, que juntou jovens portugueses e polacos e que o levou uma vez mais à Polónia, às ruas de Oswiécim e aos campos de concentração e extermínio. A esse propósito tem realizado diversas intervenções públicas, uma das quais, como orador, na conferência internacional Portugal e o Holocausto, que teve lugar na Fundação Calouste Gulbenkian. Em 2012 publica Perguntem a Sarah Gross, o seu primeiro romance. O seu romance seguinte Os Loucos da Rua Mazur foi o vencedor do prémio LeYa 2017.  





  • Muito Bom
    Érika Sousa | 28-11-2017
    É um livro incrivel, dos melhores que já li. É um livro que nos provoca uma mistura de emoções, principalmente a parte final porque há revelações chocantes de que não estamos à espera. Permite-nos ter uma noção do que foi o holocausto e os anos anteriores a esta tragédia em tempo ''real'' pois foi um livro inspirado em declarações veridicas de pessoas que passaram pela 2º Guerra Mundial
  • Vale muito a pena ler
    Catarina Vasconcelos | 15-01-2017
    Gostei muito deste livro. É simples, tem mistério e histórias reais pelo meio. Faz-nos perceber, uma vez mais, a coragem das mulheres nesta guerra, o seu instinto de sobrevivência, a sua tenacidade, o seu altruísmo. É impressionante como tantas conseguiram sobreviver à fome, ao frio, à violência, a uma morte certa. Sarah Gross deste livro representa essas mulheres.

CLUBE DE LEITURA - JANEIRO 2018

Ontem, pelas 21h00 decorreu mais uma sessão do Clube de Leitura, para a discussão e abordagem da obra "La coca" de José Rentes de Carvalho, segundo uma sugestão de Teresa Stanislau.

O transmontano José Rentes de Carvalho guia-nos numa viagem entre a Galiza e o Minho numa pretensa investigação policial sobre o contrabando e o tráfico de droga, mas que o faz mergulhar num mar de recordações sobre aquela região, onde viveu quando era muito jovem.
É uma viagem cheia de nostalgias, melancolias e memórias, sendo por isso considerada autobiográfica.

Assim, na página 67, dá-nos conta das primeiras impressões da sua chegada a Lanhelas "A paisagem dos campos e bosques que se via do meu quarto, o rio, as serranias, a nesga de mar ao pé de Santa Tecla, isso de facto seduziu-me. Mas era serenidade demais, beleza demais, um equilíbrio tão perfeito que logo me faltou a desordem e o bulício a que me tinha habituado na infância, quando da minha janela olhava para o Porto. Aqui tudo respirava paz. Em vez da cacofonia citadina os ruídos eram distintos, cada galo esperava o seu momento de poder cantar, o ladrar dos cães espaçado como um diálogo"

A sua prosa tem uma estrutura frásica simples, com expressões quase jornalísticas, é limpa, agradável, elegante, irónica, umas vezes terna, outras vezes grotesca. Tanto apresenta uma beleza paisagística tranquila  como uma violência de um Portugal que se desconhecia.

Rentes de Carvalho revela-nos que foi na biblioteca da Casa do Outeiral que descobriu o prazer da música, da arte e da leitura  fazendo referência a obras que o terão marcado, como os clássicos,   Proust com "Em busca do tempo perdido" e mais tarde "Patagónia" de Bruce Chatwin.

"Custou-me a acreditar, mas no resto do Verão foi lá que me fechei, descuidando as amizades, os amores, as festas e as companhias (...) Mas tudo eram tristezas passageiras que não enevoavam a euforia que eu diariamente vivia na biblioteca, onde de vez em quando me tomava a certeza louca de que ao achar nos livros tanta beleza e tanta sabedoria, a minha obrigação era correr a melhorar o mundo."

Foi conhecer o mundo e em Paris através de amigos comuns, cruzou-se com Pablo Picasso que na vida o aconselhou a saber usar la coca, a cabeça.

Rentes vive para contar e para colocar em ordem as emoções, muito embora remexer no passado lhe faça aumentar o desassossego. 

E agora José?
Por nós pode continuar...