sexta-feira, 29 de setembro de 2017

CLUBE DE LEITURA - OUTUBRO



Sinopse:Numa pequena ilha perdida no Atlântico, um homem procura a solidão e o esquecimento, mas acaba por encontrar muito mais.
A ilha alberga criaturas singulares: um padre sonhador, de nome Elias Gro; uma menina de onze anos perita em anatomia; Alma, uma senhora com um coração maior do que a ilha; Norbert, um velho louco que tem por hábito vaguear na noite; e o fantasma de um escritor, cuja casa foi engolida pelo mar.
O narrador, lacerado pelo passado, luta com os seus demónios no local que escolheu para se isolar: um farol abandonado, à mercê dos caprichos da natureza - e dos outros habitantes da ilha. Com o vagar com que mudam as estações, o homem vai, passo a passo, emergindo do seu esconderijo, fazendo o seu luto, e descobrindo, numa travessia de alegria e dor, a medida certa do amor.
O luto de Elias Gro é o romance mais atmosférico e intimista de João Tordo, um mergulho na alma humana, no que ela tem de mais obscuro e luminoso.



Críticas de imprensa
«Uma das melhores vozes da ficção portuguesa»
Francisco José Viegas, Correio da Manhã
 
 
 
 
  • A não perder!
    Ana Silva | 26-04-2017
    Na estrada da vida, muitas são as curvas imprevistas, que podem conduzir ao desejo de solidão extrema e ao aniquilamento do ser. O exílio voluntário, numa ilha fustigada por ventos hostis, parece ser a solução apaziguadora para o protagonista incapaz de prosseguir caminho. Porém, nem na clausura de um farol estamos sozinhos: há quem nos surja na encruzilhada do trilho que falta percorrer e caminhe connosco. O universo literário de João Tordo, urdido de redenção e humanismo, é pura poesia! Após a leitura de O Luto de Elias Gro e de O paraíso segundo Lars. D., aguardo com impaciência a chegada de O deslumbre de Cecília Fluss.
  • Aceitar o mundo tal como ele é
    JT | 25-09-2016
    «O luto de Elias Gro» é um livro que prende desde a primeira palavra; é de uma grande beleza. Surpreende pela enorme lição de vida: aceitar o mundo tal como ele é. O melhor elogio que se pode fazer ao livro é que depois de lido o seu eco permanece.

CLUBE DE LEITURA - SETEMBRO

Ontem, pelas 21h00, na Biblioteca Municipal, decorreu a sessão do Clube de Leitura de Setembro, para partilhar ideias sobre a obra "Os cus de judas" de António Lobo Antunes.
O livro foi publicado em 1979  e é o segundo volume de uma trilogia. Sendo o primeiro "Memória de elefante",  "Os cus de judas" e "O conhecimento do inferno", nos quais o autor pretende fazer uma espécie de catarse para tentar superar os traumas psicológicos causados pela sua participação como médico-soldado na Guerra Colonial em Angola.
Trata-se de um relato brutal, uma escrita densa, chocante, na qual também não faltam, por vezes,   algumas passagens hilariantes e com aquele humor de caserna, sarcástico e mordaz.
A obra contém metáforas, imagens e citações que nos fazem entender o grau de cultura do seu autor, com referência às artes como o  cinema, a literatura, a pintura, com El Greco, Giotto, Vermeer e muitos mais.
A saga começa em Lisboa, a bordo do Vera Cruz, faz a sua passagem pela Madeira, depois Luanda, Nova Lisboa, Luso e por fim a viagem "apocaplítica", em campos minados até Gago Coutinho, a que A.L.A. apelida de "inferno, ou inferno maior, o sétimo inferno", com a  "Zâmbia quase à vista", por onde entravam os turras (soldados do MPLA).
Ainda em Lisboa, no momento do embarque no Vera Cruz, A.L.A. faz-nos uma contextualização histórica de Portugal bastante realista, "O espectro de Salazar pairava sobre as calvas pias labaredazinhas de Espírito Santo corporativo, salvando-nos da ideia tenebrosa e deletéria do socialismo. A Pide prosseguia corajosamente a sua valorosa cruzada contra a noção sinistra de democracia, primeiro passo para o desaparecimento, nos bolsos ávidos de ardinas e maçanos, do faqueiro de cristofle. O cardeal Cerejeira, emoldurado, garantia de um canto a perpetuidade da Conferência de São Vicente de Paula, e por inerência, dos pobres domesticados. O desenho que  representava o povo em uivos de júbilo ateu em torno de uma guilhotina libertária fora definitivamente exilado para o sótão, entre bidés velhos e cadeiras coxas, que em fresta poeirenta de sol aureolava do mistério que acentua as inutilidades abandonadas".
Em toda a narrativa há um lamento indignado e desesperado contra a guerra, o colonialismo, a escravidão, um regime decadente e alheado da realidade, à mistura com relatos de sentimentos do mais íntimo que um ser humano pode confessar, umas "saudades indescritíveis", uma "melancolia sem remédio" e uma "solidão enorme".