sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

"A CASA DE PAPEL", CARLOS MARIA DOMINGUEZ

Os livros mudam o destino das pessoas, mas as pessoas também mudam o destino dos livros. Poderia ser a frase sinopse deste livro. 
Bluma, uma professora de Cambridge, é atropelada enquanto lia o segundo poema de Emily Dickinson. Bluma morre no início da história, mas a sua presença mantém-se ao longo da trama. Mulher com uma personalidade marcante, marcou quem com ela se cruzou, quer intelectual quer fisicamente. Os livros fizeram parte da sua vida, influenciaram o seu modo de vida e houve um que acabou por ser o motivo da sua morte (pág. 51). 
O seu substituto, narrador desta história, recebe pelo correio uma misteriosa encomenda, vinda de Buenos Aires e endereçada a Bluma, que contém o livro A Linha de Sombra, de Joseph Conrad, cuja capa incrustada de cimento traz uma dedicatória, escrita por ela, a Carlos Brauer. 
O narrador não descansa enquanto não descobre o mistério deste cimento no livro. Vem a conhecer Agustin Delgado numa viagem pela Argentina e pelos seus meios literários. Este apresenta-lhe a história de Carlos Brauer e da sua obsessão pela literatura (pág. 26, 32, 33, 34), colecionador de livros raros e de primeiras edições, o qual lia os autores do século XIX à luz das velas e determinados escritores ouvindo músicas de compositores da mesma época, entre outras obsessões, e que mantinha com os livros uma relação de grande prazer, chegando mesmo a ser erótica, na forma como os usava (pág. 35, 36). 
Mas, a certa altura, os livros começam a ser um peso para ele, um pesadelo: invadem-lhe a casa e não os encontra, fazem-lhe perder os amigos e o dinheiro e viver na solidão (pág. 39,40). É, então, que começa a mostrar sinais de loucura na catalogação dos livros, recusando juntar autores cujo relacionamento na vida real não é o mais harmonioso (pág. 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 52, 57). E a loucura atinge o seu ponto máximo depois de um incêndio que lhe destrói o sistema de catalogação e se torna impossível encontrar o livro pretendido. Decide partir para uma praia isolada e, num ato de completa insanidade, constrói uma casa feita de tijolos de papel: a sua imensa biblioteca. Ao longo do livro, no narrador leva o leitor a confrontar-se com referências a várias obras da literatura universal que, no fundo, são as protagonistas desta história. 
Em suma, a biblioteca que vamos construindo é uma vida, mais do que um somatório de livros… “Uma biblioteca é uma porta no tempo” e “um leitor é um viajante através de uma paisagem que se foi fazendo. E é infinita” (pág. 35). 

Neste pequeno romance (ou será longo conto?) revelam-se os limites a que a paixão pelos livros pode levar um ser humano. Os livros são aqui descritos como objetos com vida própria, podendo influenciar decisivamente a vida dos seus donos. 
Será, também, uma metáfora da vida: a perda conduz ao desgosto, à irracionalidade e a atos desesperados. 

A casa de papel é um livro para quem gosta de livros com livros dentro.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

CLUBE DE LEITURA - DEZEMBRO




Livro indicado: “A casa de papel” de Carlos María Domínguez  
Data:  29 Dezembro 2016
Horário: 21h00 às 22h


Sinopse:Os livros mudam o destino das pessoas: Hemingway incutiu em muitos o seu famoso espírito aventureiro; os intrépidos mosqueteiros de Dumas abalaram as vidas emocionais de um sem-número de leitores; Demian, de Hermann Hesse, apresentou o hinduísmo a milhares de jovens; muitos outros foram arrancados às malhas do suicídio por um vulgar livro de cozinha. Bluma Lennon foi uma das vítimas da Literatura.
Na Primavera de 1998, Bluma, uma lindíssima professora de Cambridge, acaba de comprar um livro de poemas de Emily Dickinson quando é atropelada. Após a sua morte, um colega e ex-amante recebe um exemplar de A Linha da Sombra, de Joseph Conrad, em que Bluma escrevera uma misteriosa dedicatória. Intrigado, parte numa busca que o leva a Buenos Aires com o objectivo de procurar pistas sobre a identidade e o destino de um obscuro mas dedicado bibliófilo e a sua intrigante ligação com Bluma. 

A Casa de Papel é um romance excepcional sobre o amor desmesurado pelas bibliotecas e pela literatura. Uma envolvente intriga policial e metafísica que envolve o leitor numa viagem de descoberta e deslumbramento perante os estranhos vínculos entre a realidade e a ficção.


Críticas de imprensa
“Está impregnado de paixão. De paixão pela literatura, mas também pelos livros enquanto objectos.”
Público

“Este curto e intenso relato tem tudo para ser um livro de culto. A história tem aquele perfume irresistível que emana das grandes obras.”
Expresso

 “Para ler de um só fôlego.”
Correio da Manhã