sexta-feira, 27 de novembro de 2015

CLUBE DE LEITURA DE NOVEMBRO

Ontem, pelas 21 horas, decorreu mais uma sessão do Clube de Leitura com a abordagem do romance  "A noite das mulheres cantoras" de Lídia Jorge, obra que tem sido alvo de estudo nas universidades brasileiras.

Trata-se de um romance, de grande densidade poética, que nos conduz ao final dos anos oitenta, do século XX, com alguma contextualização histórica, mas também onde as relações sociais e universo psicológico são marcantes.  

É uma parábola social muito actual, em forma de monólogo, onde sobressaem a audácia, a idolatria e a construção do êxito (a qualquer preço) no mundo da música,  rica em dualidades como a cumplicidade e competitividade que envolve os personagens. Tal como na realidade, em que quase nada ou ninguém é como se nos apresenta, há sempre um lado obscuro que não conhecemos e devemos respeitar.

Segundo Miguel Real este romance "é um poderoso aguilhão da memória pessoal", porque quem vivenciou este período em Portugal pode-se rever e recordar a sépia, mas quem não o viveu, não deixa de ficar bem elucidada.

Um romance íntimo, envolvente, que faz pensar...

(...) Alguém já viu marcar um animal? O meu pai sempre anestesiava o gado, dizia que um ferro em brasa não lhe atingia o pêlo mas a alma. O meu pai acreditava que todos os animais tinham uma alma, e nunca tinha lido Aristóteles. Há saberes que passam directamente da superfície da terra para a nossa alma através das plantas dos nossos pés e nós julgamos que nos são dados pela Filosofia e pela Ciência. Não são. Aquele conhecimento era só dele. Do meu pai.  (pág. 277)









quarta-feira, 25 de novembro de 2015

LEITURA DE NOVEMBRO



Livro indicado: “A noite das mulheres cantoras” de Lídia Jorge

Destinatários:  público em geral

Data:  26 de novembro 2015

Horário:  21h00  às 22h00




Sinopse:
Há uma pergunta que percorre este romance de Lídia Jorge, da primeira à última página: Quantas vítimas se deixa pelo caminho para se perseguir um objectivo? A acção do romance decorre no final dos anos 80 do século XX e invoca um tema de inesperada audácia - o da força da idolatria e a construção do êxito - visto a partir do interior de um grupo, narrado 21 anos mais tarde, na forma de um monólogo. 
Como é habitual na obra da autora, a questão social é relevante - a força do todo e a aniquilação do indivíduo perante o colectivo são temas presentes neste livro. Mas aqui, tratando-se de um grupo fechado e dominado pela música, a parábola social submerge perante a descrição de um ambiente de grande envolvimento humano e de densidade poética. 
Servido por uma narrativa ao mesmo tempo rude e mágica, A Noite das Mulheres Cantoras propõe a quem o lê a história de seis figuras que passam a viver para sempre no nosso imaginário. 
A história de amor comovente que une as duas personagens principais, Solange de Matos e João de Lucena, é, por certo, um daqueles episódios que iluminam a realidade e tornam indispensáveis a grande literatura sobre a vida de hoje, com os ingredientes próprios da cultura dos nossos dias.

LÍDIA JORGE
Romancista, contista e autora de uma peça de teatro, Lídia Guerreiro Jorge nasceu em Boliqueime em 1946. 

Licenciada em Filologia Românica, foi professora liceal em Lisboa e em África – Angola e Moçambique – para onde partiu em 1970. Ali viveu o marcante ambiente da Guerra Colonial, que mais tarde descreveria no romance A Costa dos Murmúrios através da perspectiva de uma personagem feminina, a mulher de um oficial do exército português de serviço em Moçambique. 


De regresso a Lisboa continuou a actividade docente e, em 1980, publicou o romance O Dia dos Prodígios, que lhe valeu o Prémio Ricardo Malheiros, da Academia das Ciências de Lisboa. Esta sua primeira obra publicada deve um impulso à revolução de Abril de 1974: O Dia dos Prodígios constrói-se como uma alegoria do país fechado e parado que Portugal era sob a ditadura, permanentemente à espera de uma força que o transformasse. O romance teve grande impacto junto do público e da crítica e Lídia Jorge foi de imediato saudada como uma das mais importantes revelações das letras portuguesas e uma renovadora do nosso imaginário romanesco. 



A linguagem narrativa deste romance e do seguinte – O Cais das Merendas – remete para a atmosfera do realismo mágico, sobrepondo vários planos narrativos numa estrutura polifónica de onde se destacam personagens que adquirem uma dimensão metafórica, ou mesmo mítica. A autora tem entretanto vindo progressivamente a adoptar um tom mais realista, nomeadamente em O Jardim sem Limites, onde à pequena aldeia de Vilamaninhos, que simbolizava no seu primeiro romance o Portugal pequenino e arcaico, se substitui Lisboa, a metrópole europeia onde se cruzam todas as influências e se rarefazem identidades e territórios. Nos romances de Lídia Jorge, a condição sócio-cultural das personagens, sobretudo as femininas, reflecte-se em diálogos, testemunhos a que não é alheia a atenção que a autora dispensa à tradição oral, em relação directa com a crónica da nossa história recente, antes e depois da revolução. A sua peça para teatro (A Maçon) procura um tempo mais remoto, os primeiros anos da ditadura, para retratar a condição feminina imposta pela ideologia do Estado Novo e a perda de liberdades (também) por parte das mulheres. 



A par da actividade literária, Lídia Jorge foi professora convidada da Faculdade de Letras de Lisboa, actividade que interrompeu para desempenhar funções na Alta Autoridade para a Comunicação Social, entre 1990 e 1994. 



Os seus livros têm-lhe merecido variadíssimos prémios e estão traduzidos para diversas línguas.


Centro de Documentação de Autores Portugueses
05/2004


segunda-feira, 2 de novembro de 2015

CLUBE DE LEITURA DE OUTUBRO - 3º ANIVERSÁRIO

Ontem, pelas 20 horas, decorreu mais uma sessão do Clube de Leitura da Biblioteca, desta vez abordando a obra "As intermitência da morte" de José Saramago.
Mas, ontem no Clube de Leitura também foi dia de comemoração.
"Terceiro era o aniversário…

E, mais uma vez, debaixo de algum céu, fomos noite de mulheres cantoras. Cantámos a alegria de ler, cantámos 32 serões onde fomos Jesus, budas ditosos, transparentes…no admirável mundo novo da leitura, do sorriso e da Amizade e brindámos aos nossos laços de família…

Terceiro era o aniversário…

As palavras cruzaram sabores à mesa ; as palavras trouxeram os escritores e fomos tantos… e sempre a metade maior!

Terceiro era o aniversário deste espaço-tempo-ser, Clube de Leitura, criança nascida por nós em nós, mulheres, que somos onda e cotovia, sem fim à vista, em noites de inverno, que viajarão sempre do cinzento ao azul celeste.

Terceiro era o aniversário e foi azul, muito azul o nosso menino, Clube de Leitura…

 Terceiro era o aniversário…"


C.M.