quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

LEITURA DE JANEIRO



Livro indicado: “A infância de Jesus” de Coetzee
Destinatários: público em geral
Data: 30 de Janeiro 2014
Horário: 21h00  às 22h00





Sinopse
Depois de cruzarem oceanos, um homem e um rapaz chegam a uma nova terra onde recebem um nome e uma idade, são alojados num campo enquanto aprendem espanhol, a língua do seu novo país. Agora chamados Simón e David, dirigem-se ao centro de realojamento da cidade de Novilla, onde os funcionários são corteses, mas não necessariamente prestáveis. Simón arranja emprego. O trabalho é invulgar e extenuante, mas ele não tarda a estabelecer relações com os seus colegas estivadores, que nas horas vagas mantêm diálogos filosóficos sobre a dignidade do trabalho e de uma maneira geral se afeiçoam a ele.
Assume então a incumbência de localizar a mãe de David. Embora, como todos os que chegam a este novo país, ele pareça estar limpo de todos os vestígios de recordações, tem a convicção de que a reconhecerá quando a vir. E, efectivamente, ao passear pelo campo com o rapaz, vislumbra uma mulher que tem a certeza de tratar-se da mãe dele, persuadindo-a a assumir esse papel. A mãe de David vem a aperceber-se de que está em presença de uma criança excepcional, de um rapaz inteligente e sonhador, com ideias muito invulgares sobre o mundo. As autoridades académicas, porém, detectam nele um traço de rebeldia e teimam em que seja enviado para uma escola especial distante. A mãe recusa-se a entregá-lo e é Simón que tem de conduzir o automóvel durante a fuga do trio pelas montanhas.
Sobre o autor:
J.M. Coetzee

PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA 2003

O escritor sul-africano, de origem boer, John Maxwell Coetzee nasceu na Cidade do Cabo, onde viveu grande parte da sua vida, residindo actualmente em Adelaide, Austrália, para onde foi depois da polémica que se seguiu à publicação de A Desgraça (1999).

Autor de vários livros (romances e ensaios), a maior parte deles traduzidos em português (entre eles A Vida e o Tempo de Michael K., com o qual recebeu pela primeira vez o Booker Prize, em 1983, À Espera dos BárbarosA IlhaA Idade do FerroA Desgraça, Booker Prize em 1999, ou o ensaio Vidas dos Animais), é também professor de Literatura. Um dos maiores romancistas da língua inglesa dos nossos dias, já quando o Nobel foi atribuído em 1991 à também sul-africana Nadine Gordimer, muitas vozes se levantaram defendendo que deveria ser Coetzee já nessa altura a recebê-lo. A sua escrita (com influências de Dostoievski, sobretudo na forma de encarar a culpa, e Kafka) é de uma grande radicalidade. A Academia, ao atribuir-lhe o prémio, realçou: "Ao mesmo tempo [Coetzee] é um céptico escrupuloso, implacável na sua crítica ao racionalismo cruel e à moral de cosmética da sociedade ocidental."

Muito reservado, não gosta das luzes da fama e dá raramente entrevistas. Não compareceu na cerimónia de entrega do Booker em 1999 (já tinha feito o mesmo em 83), tendo preferido ficar em Chicago onde estava a dar aulas por uma semana.

"Este ano é J.M. Coetzee [...] É um prémio justo para um notável romancista sul-africano, que nós tivemos ocasião de conhecer aqui há uns anos, por ocasião da reunião em Lisboa do Parlamento Internacional dos Escritores. Um duro (como mostrou na luta contra o 'apartheid'), um homem seco e conciso (como revela a sua escrita), alguém que transporta consigo o sentido trágico da existência - mas ao mesmo tempo, um cosmopolita com alguns traços narcísicos: nessa altura andava sempre com sapatos vermelhos que se tinham convertido na sua imagem de marca. O Prémio Nobel vem-lhe dar o reconhecimento que uma obra austera e complexa obviamente merece."
Eduardo Prado Coelho, Público, 3 Out. 2003

"Justificada e merecida a atribuição do prémio Nobel da Literatura a J.M. Coetzee. É um grande escritor, com uma postura ética desassombrada."
José Saramago, citado pelo Comércio do Porto, 3 Out. 2003

"Foi uma belíssima notícia e a escolha foi justíssima, pois Coetzee é um grande escritor, que ultrapassa largamente as fronteiras da África do Sul e do próprio continente africano. [...] A obra de Coetzee fala [...] dos interesses do homem, na sua universalidade."
José Eduardo Agualusa, citado pelo Comércio do Porto, 3 Out. 2003
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On 21 December 2012 acclaimed novelist and former UCT professor of English literature JM Coetzee visited the university to give a reading of his recent work. Coetzee read an extract from a work in progress, a novel due to be published in 2013, "The Childhood of Jesus".

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Clube de Leitura de novembro

Na noite de ontem, decorreu mais um encontro do Clube de Leitura da Biblioteca, para conversar sobre a obra escolhida "Debaixo de algum céu" do jovem e premiado escritor Nuno Camarneiro. 

Em modo de introdução fez-se uma contextualização da obra, de características pós-modernas, muito "rente" à poesia, ou seja, em certas passagens estamos perante prosa poética. 

Leu-se também um texto do crítico literário António Guerreiro que ora o aproxima ou afasta de modelos como George Perec. 

A partir de um tema banal, que outros grandes escritores já tomaram, o narrador vai estruturando esta narrativa, num big-brother alucinante de dramas humanos, sediada num espaço de um prédio de habitação, numa história de portas adentro, sem barreiras, no entanto, com muitas janelas de comunicação com o exterior marítimo e com personagens que nos trazem coisas da praia, em que até um dos personagens  se chama Vento...

De modo alegórico, num relato fragmentário e polifónico, todas as personagens estão dominadas pela "Pathos", dor, sofrimento, pontuada por algumas alegrias e decisões irreversíveis, remetendo-nos para a vida real, do dia-a-dia de todos nós. 

Salientou-se também que, apesar do Carmarneiro ser muito jovem, a sua sensibilidade e inteligência só podem ser razões para nos apresentar mundos cheios desta densidade emocional e plenos de maturidade.

Para a próxima sessão, que será em 30 de Janeiro de 2013, a obra seleccionada foi "A infância de Jesus"  de J. M. Coetzee, escritor sul africano, Prémio Nobel da Literatura 2003, Prémio Man Booker e Prémio Jerusalém.

Até lá, Bom Natal e Boas Leituras!



terça-feira, 5 de novembro de 2013

LEITURA DE NOVEMBRO




Livro indicado: “Debaixo de algum céu” de Nuno Camarneiro
Destinatários: público em geral
Data: 28 de novembro de 2013
Horário: 21h00  às 22h00







Sinopse
Num prédio encostado à praia, homens, mulheres e crianças - vizinhos que se cruzam mas se desconhecem - andam à procura do que lhes falta: um pouco de paz, de música, de calor, de um deus que lhes sirva. Todas as janelas estão viradas para dentro e até o vento parece soprar em quem lá vive. Há uma viúva sozinha com um gato, um homem que se esconde a inventar futuros, o bebé que testa os pais desavindos, o reformado que constrói loucuras na cave, uma família quase quase normal, um padre com uma doença de fé, o apartamento vazio cheio dos que o deixaram. O elevador sobe cansado, a menina chora e os canos estrebucham. É esse o som dos dias, porque não há maneira de o medo se fazer ouvir.

A semana em que decorre esta história é bruscamente interrompida por uma tempestade que deixa o prédio sem luz e suspende as vidas das personagens - como uma bolha no tempo que permite pensar, rever o passado, perdoar, reagir, ser também mais vizinho. Entre o fim de um ano e o começo de outro, tudo pode realmente acontecer - e, pelo meio, nasce Cristo e salva-se um homem.

Embora numa cidade de província, e à beira-mar, este prédio fica mesmo ao virar da esquina, talvez o habitemos e não o saibamos.

Com imagens de extraordinário fulgor a que o autor nos habituou com o seu primeiro romance, Debaixo de Algum Céu retrata de forma límpida e comovente o purgatório que é a vida dos homens e a busca que cada um empreende pela redenção.
Sobre o autor
Nuno Camarneiro nasceu em 1977. Natural da Figueira da Foz, licenciou-se em Engenharia Física pela Universidade de Coimbra, onde se dedicou à investigação durante alguns anos. Foi membro do GEFAC (Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra) e do grupo musical Diabo a Sete, tendo ainda integrado a companhia teatral Bonifrates. Trabalhou no CERN (Organização Europeia para a Investigação Nuclear) em Genebra e concluiu o doutoramento em Ciência Aplicada ao Património Cultural em Florença. Em 2010 regressou a Portugal, sendo actualmente investigador na Universidade de Aveiro e professor do curso de Restauro na Universidade Portucalense do Porto. Começou por se dedicar à micronarrativa, tendo alguns dos seus contos sido publicados em colectâneas e revistas. No Meu Peito não Cabem Pássaros é a sua estreia no romance.



sexta-feira, 1 de novembro de 2013

CLUBE DE LEITURA DE OUTUBRO - 1º ANIVERSÁRIO

Ontem, pelas 21 horas decorreu mais uma participada sessão do Clube de Leitura na Biblioteca. Ao completar um ano de existência, foi feito um balanço e foram apresentadas ideias e sugestões por parte de todos membros, para que o prazer da leitura se concretize da melhor forma. 

"Metade maior" de Julieta Monginho foi a obra abordada, com alguns momentos de leitura em voz alta das passagens mais marcantes. 

Para uma melhor compreensão da obra foi importante referir-se a vida profissional da escritora e a sua sensibilidade feminina para justificar o deambular de imensas personagens que surgem na obra. Ficou também a curiosidade por outras obras de Julieta Monginho, com destaque para "A terceira mãe".

Para comemorar um ano de existência deste Clube de Leitura  serviu-se um chá com biscoitos e a Biblioteca ofereceu a todos os membros o livro "Zás trás pás: eis os contos que o livro traz" e o CD "Poesia popular e melodias de S. João da Madeira".

Parabéns Clube de Leitura! Vida longa aos livros e à leitura!









sexta-feira, 13 de setembro de 2013

LEITURA DE OUTUBRO






Livro indicado: “Metade Maior” de Julieta Monginho
Destinatários: público em geral
Data: 31de outubro de 2013
Horário: 21h00  às 22h00







Sinopse
Metade Maior, o mais recente romance de Julieta Monginho, é uma obra-prima de ironia, de sensibilidade, de subtileza. Tecido de pequenos traços - mas traços indeléveis na memória e no fascínio dos leitores - este é um livro que dá eco a uma multiplicidade de vozes, de gargalhadas, de melancólicos murmúrios também. Como um grande circo chegado da infância de cada um de nós, como a memória de um épico Fellini.

Sobre a autora
Julieta Monginho nasceu em Lisboa, em 1958. É Licenciada em Direito. Em 1996 publicou o primeiro romance, "Juízo Perfeito" (D. Quixote), cuja 4.ª edição sairá em breve. Seguiram-se: "A Paixão Segundo os Infiéis" (D. Quixote, 1998), "À Tua Espera",(D. Quixote, 2000, Prémio Máxima de Literatura), "Dicionário dos Livros Sensíveis" (Campo das Letras, 2000), "Onde está J.?" (Campo das Letras, 2002) , "Dez Contos Com Livro Dentro" (co-autoria, Campo das Letras, 2004) e "A Construção da Noite" (Dom Quixote, 2005). Colabora regularmente em revistas literárias e jurídicas, bem como no blogue "Arte dos Dias".

Fonte: http://www.wook.pt/authors/detail/id/3813

Clube de Leitura com Domingos Amaral

A sessão de ontem do Clube de Leitura, decorreu em simultâneo com a sessão do "À conversa com...o escritor e jornalista Domingos Amaral" e foi conduzida pela Dra. Suzana Menezes.

Os membros do Clube, tiveram assim a oportunidade de conhecer em pormenor as histórias por detrás do livro do mês "O retrato da mãe de Hitler" bem como partilhar com o autor as respetivas impressões de leitura.

Domingos Amaral  falou ainda do seu percurso de vida, da importância do valor do trabalho, das suas obras e das razões das temáticas de cada uma delas.





quinta-feira, 1 de agosto de 2013

LEITURA DE SETEMBRO





Livro do mês: “O retrato da mãe de Hitler” de Domingos Amaral
Animador convidado: Domingos Amaral
Destinatários: público em geral
Data: 12 setembro
Horário: 21h30









Sinopse:
Lisboa 1945.
Jack Gil Mascarenhas Deane já não trabalha para os serviços secretos ingleses, pois a guerra acabou, mas a chegada do seu pai a Lisboa vai alterar a sua vida. O pai é um colecionador de tesouros nazis e vai obrigar Jack Gil a ajudá-lo na sua demanda pelos valiosos artefactos, que muitos nazis, como Manfred, tentam vender em Lisboa, antes de fugirem para a América do Sul.

Dividido entre o desejo de ajudar o pai e o desejo de partir de Lisboa, Jack Gil está também dividido nos seus amores, pois embora esteja apaixonado por Luisinha, uma portuguesa que adora cinema e acredita na democracia, fica perturbado pelo regresso de Alice, o seu amor antigo, uma mulher duvidosa, misteriosa mas entusiasmante, que fora a sua paixão de uns anos antes, e que desaparecera certa noite da sua vida.

Domingos Amaral
Domingos Freitas do Amaral é director da revista GQ, e cronista dos jornais Correio da Manhã e Record. Formado em economia, e com Mestrado em Relações Internacionais na Universidade de Columbia em Nova Iorque, iniciou a sua carreira jornalística n’O Independente, tendo depois sido director da revista Maxmen. Como cronista, escreveu para o Diário de Notícias, Grande Reportagem e Diário Económico.

Publicou igualmente cinco romances, todos na Casa das Letras - Amor à Primeira Vista, O Fanático do Sushi, Os Cavaleiros de São João Baptista, Enquanto Salazar Dormia e Já Ninguém Morre de Amor e Quando Lisboa Tremeu. Vive em Lisboa e é pai de duas raparigas e um rapaz.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Leitura Julho





Livro do mês: “A mãe que chovia” de José Luís Peixoto
Destinatários: público em geral
Data: 25 Julho de 2013
Horário: das 21h00 às 22h00
Local: Sessão on-line









Sinopse

O protagonista do primeiro livro infantil de José Luís Peixoto é filho da chuva. Com uma mãe tão original, tão necessária a todos, tem de aprender a partilhar com o mundo aquilo que lhe é mais importante: o amor materno. Através de uma ternura invulgar, de poesia e de uma simplicidade desarmante, este livro homenageia e exalta uma das forças mais poderosas da natureza: o amor incondicional das mães.





Ler Mais, Ler Melhor - A Mãe Que Chovia, de José Luís Peixoto

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Clube de Leitura de junho

Decorreu ontem, pelas 21h00, mais uma sessão do Clube de Leitura.
A obra em análise foi "Memória das minhas putas tristes" de Gabriel García Márquez, cujo tema central é o amor na "terceira idade". Muito participativa, esta sessão permitiu a reflexão sobre a velhice, a solidão e a paixão que pode surgir em qualquer idade. Até mesmo aos 90 anos...

(...) Nunca esqueci o seu olhar sombrio enquanto tomávamos o pequeno-almoço: Porque me conheceste tão velho? Respondi-lhe a verdade: A idade não é a que temos mas a que sentimos.
             



sexta-feira, 7 de junho de 2013

LEITURA DE JUNHO






Livro do mês: “Memória das minhas putas tristes” de Gabriel García Marquez
Destinatários: público em geral
Data: 27 Junho de 2013
Horário: das 21h00 às 22h00


  Sinopse

"Memória das Minhas Putas Tristes" conta a história de um velho jornalista de noventa anos que deseja festejar a sua longa existência de prostitutas, livros e crónicas com uma noite de amor com uma jovem virgem. Inspirado no romance "A Casa das Belas Adormecidas" do Nobel japonês Yasunari Kawabata, o consagrado escritor colombiano submerge-nos, num texto pleno de metáforas, nos amores e desamores de um solitário e sonhador ancião que nunca se deitou com uma mulher sem lhe pagar e nunca imaginou que encontraria assim o verdadeiro amor. Rosa Cabarcas, a dona de um prostíbulo, conduzi-lo-á à adolescente com quem aprenderá que para o amor não há tempo nem idade e que um velho pode morrer de amor em vez de velhice. A escrita incomparável de Gabriel García Márquez num romance que é ao mesmo tempo uma reflexão sobre a velhice e a celebração das alegrias da paixão.


Sobre o autor:

Gabriel García Márquez - PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA 1982
Escritor colombiano nascido a 6 de Março de 1928 em Aracataca, um pequeno entreposto do comércio de bananas. Desde logo deixado ao cuidado dos seus avós, um coronel na reserva, ex-combatente na guerra civil, e uma apaixonada pelas tradições orais indígenas, estudou na austeridade de um colégio de jesuítas.
Terminando os seus estudos secundários, ingressou no curso de Direito da Universidade de Bogotá, mas não o chegou a concluir. Fascinado pela escrita, transferiu-se para a Universidade de Cartagena, onde recebeu preparação académica em Jornalismo. Publicou o seu primeiro conto, "La Hojarasca", em 1947. 
No ano seguinte, deu início a uma carreira como jornalista, colaborando com inúmeras publicações sul-americanas. No ano de 1954 foi especialmente enviado para Roma, como correspondente do jornal El Espectador mas, pouco tempo depois, o regime ditatorial colombiano encerrou a redacção, o que contribuiu para que Márquez continuasse na Europa, sentindo-se mais seguro longe do seu país. Em 1955 publicou o seu primeiro livro, uma colectânea de contos que já haviam aparecido em publicações periódicas, e que levou o título do mais famoso, "La Hojarasca". Passando despercebida pelo olhar da crítica, a obra inclui contos que lidam compassivamente com a realidade rural da Colômbia. Em 1967 publicou a sua obra mais conhecida, o romance "Cien Años De Soledad" ("Cem Anos de Solidão"), romance que se tornou num marco considerável no estilo denominado como realismo mágico. Em "El Otoño Del Patriarca" (1977), Márquez conta a história de um patriarca, cuja notícia da morte origina uma autêntica luta de poder.
Uma outra obra tida entre as melhores do escritor é "Crónica De Una Muerte Anunciada" (1981, "Crónica de uma Morte Anunciada"), romance que descreve o assassinato de um homem em consequência da violação de um código de honra. Depois de "El Amor En Los Tiempos De Cólera" (1985, "Amor em Tempos de Cólera"), o autor publicou "El General En Su Laberinto" (1989), obra que conta a história da derradeira viagem de Simão Bolívar para jusante do Rio Magdalena. Em 2003, as Publicações D. Quixote editam, deste autor, "Viver para Contá-la", um volume de memórias de Gabriel García Márquez onde o autor descreve parte da sua vida.
Gabriel García Márquez foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1982. 

terça-feira, 28 de maio de 2013

Clube de Leitura de MAIO com a presença do autor AFONSO CRUZ

Ontem, pelas 21h00 decorreu mais uma animada e participada sessão do Clube de Leitura, desta vez com a presença do escritor e ilustrador Afonso Cruz.
"O livro do ano" e "A carne de Deus" foram as obras seleccionadas, previamente, pelos elementos do Clube para se debater, mas, com a  presença do escritor acabou por se abordar toda a sua obra.
Afonso Cruz  revelou as obras clássicas que mais marcaram a sua escrita, assim como o ambiente, as viagens, as diversas culturas, as pessoas e as suas vivências que o inspiram para a criação artística. 
Nesta sessão marcaram presença cerca de 30 pessoas que levaram consigo uma grande vontade de ler mais livros do escritor, que a certa altura refere que "Para aquecer o corpo, o melhor é uma lareira. Mas, para aquecer a parte de dentro do corpo, o melhor é ler" .
Para o próximo mês a obra a ser abordada será "Memórias das minhas putas tristes" do colombiano Gabriel Garcia Marquez, agendado já para o dia 27 de Junho.
Boas leituras!

terça-feira, 30 de abril de 2013

LEITURAS DE MAIO




                       
                        
                                               





Livros do mês: "A carne de Deus" e "O livro do ano" de Afonso Cruz
Animador convidado: Afonso Cruz
Destinatários: público em geral
Data: 27 de Maio de 2013
Horário: 21h00 às 22h00


  
Afonso Cruz

Além de escrever, Afonso Cruz é ilustrador, realizador de filmes de animação e compõe para a banda de blues/roots The Soaked Lamb (onde canta, toca guitarra, harmónica e banjo). Nasceu em 1971, na Figueira da Foz, e haveria, anos mais tarde, de viajar por mais de sessenta países. Vive com a sua família num monte alentejano onde, além de manter uma horta e um pequeno olival, fabrica a cerveja que bebe. Em 2008, publicou o seu primeiro romance, A Carne de Deus - Aventuras de Conrado Fortes e Lola Benites e, em 2009, Enciclopédia da Estória Universal, galardoado com o Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco - APE/Câmara Municipal de Famalicão. Escreveu, ainda, Os Livros Que Devoraram o Meu Pai (Prémio Literário Maria Rosa Colaço 2009), A Contradição Humana (Prémio Autores 2011 SPA/RTP; seleção White Ravens 2011; Menção Especial do Prémio Nacional de Ilustração 2011) e A Boneca de Kokoschka







sexta-feira, 26 de abril de 2013

"A Humilhação" de Philip Roth

A sessão do Clube de Leitura da Biblioteca, no passado dia 24 de Abril manteve-se surpreendentemente concorrida e participada, apesar do jogo de futebol que estava a decorrer e o facto de ser véspera de feriado.
A obra "A humilhação" do romancista norte-americano de origem judaica, Philip Roth, com apenas 127 páginas, encantou todos os  presentes.
A técnica descritiva, a densidade das personagens e os temas abordados em que o talento, o amor, o sexo, a esperança, a energia, a reputação, são postos a nu, geraram a leitura intensiva da obra que nos conduz a uma inevitável reflexão sobre o percurso da vida e o seu ocaso.

Para o próximo dia  30 de Maio, as obras apontadas foram "A carne de Deus", um thriller satírico e psicadélico e "O livro do ano", um diário de uma menina, mas para leitores de todas as idades, do jovem escritor português Afonso Cruz. 

Boas Leituras!



segunda-feira, 1 de abril de 2013

"A humilhação" de Philip Roth






Livro indicado: “A Humilhação” de Philip Roth

Destinatários: público em geral

Data: 24 de abril de 2013

Horário: 21h00  às 22h00









 30º livro de Roth, é um fortíssimo veredicto sobre o envelhecimento


Críticas de imprensa
«O que torna este livro genial […] é o facto de Roth ter subvertido (ainda mais) todos os papéis convencionais. […] “A Humilhação” é […] uma farsa genial contaminada por um humor muito negro, um texto que é como uma roleta russa em que o autor joga a vida com desespero e abandono, enquanto solta a sua histriónica e feroz gargalhada.»

Helena Vasconcelos, Público

«O livro é muito bom e, sobretudo, tremendamente simples. Conciso. Preciso.»

Ana Cristina Leonardo, Expresso 

Sinopse: Acabou tudo para Simon Axler, o protagonista do novo e surpreendente livro de Philip Roth. Um dos mais destacados actores de teatro americanos da sua geração, agora na casa dos sessenta, perdeu a magia, o talento e a confiança. O seu Falstaff, o seu Peer Gynt, o seu Tio Vânia, todos os seus grandes papéis, "desfizeram-se em ar, em ar leve". Quando sobe ao palco sente-se louco e faz figura de idiota. Esgotou-se a confiança nas suas faculdades; imagina que as pessoas se riem dele, já não consegue fingir que é outra pessoa. "Houve qualquer coisa de fundamental que desapareceu". A mulher foi-se embora, o público abandonou-o, o agente não consegue convencê-lo a reentrar em cena.
Dentro deste relato demolidor de auto-esvaziamento inexplicável e aterrador eclode um contragolpe de invulgar desejo erótico, uma consolação para uma vida infeliz, tão cheia de risco e aberração que não aponta para o apaziguamento e a gratificação mas sim para um fim mais tenebroso e pungente. Nesta longa jornada para a noite, relatada com a inimitável acutilância, verve e densidade de Roth, todas as ferramentas de que lançamos mão para nos convencermos da nossa solidariedade, tudo o que fomos nas nossas vidas - o talento, o amor, o sexo, a esperança, a energia, a reputação - tudo é posto a nu.

Quem é Philip Roth?

Escritor norte-americano, Philip Milton Roth nasceu a 19 de Março de 1933, na cidade de Newark, no estado da Nova Jérsia. Filho de um mediador de seguros de origem austro-húngara, tornou-se num grande entusiasta de baseball aos sete anos de idade. Descobriu a literatura tardiamente, aos dezoito.
Após ter concluído o ensino secundário, ingressou na Universidade de Rutgers mas, ao fim de um ano, transferiu-se para outra instituição, a Universidade de Bucknell. Interrompeu os seus estudos em 1955, ao alistar-se no exército mas, lesionando-se durante a recruta, acabou por ser desmobilizado. Decidiu pois retomar os seus estudos, trabalhando simultaneamente como professor para poder prover ao seu sustento, tendo-se licenciado em 1957, em Estudos Ingleses.
Inscreveu-se depois num seminário com o intuito de apresentar uma tese de doutoramento, e perdeu o entusiasmo, desistindo deste seu projecto em 1959. Preferindo dar início a um esforço literário, passou a colaborar com o periódico New Republic na qualidade de crítico de cinema, ao mesmo tempo que se debruçava na escrita do seu primeiro livro, que veio a ser publicado nesse mesmo ano, com o título Goodbye, Columbus (1959). A obra constituiu uma autêntica revelação, comprovada pela atribuição do prémio literário National Book Award. Mereceu também uma adaptação para o cinema pela mão do realizador Larry Peece.
Seguiram-se Letting Go (1962) e When She Was Good (1967), até que, em 1969, Philip Roth tornou a consolidar a sua posição como romancista através da publicação de Portnoy's Complaint (1969, O Complexo de Portnoy), obra que contava a história de um monomaníaco obcecado por sexo. O autor passou então a optar por fazer reaparecer muitas das suas personagens em diversas narrativas. Depois de The Breast (1972), romance que aludia à Metamorfose de Franz Kafka, David Kepesh, o protagonista que se via transformado num enorme seio, torna a figurar em The Professor Of Desire (1977) e em The Dying Animal (2001). Um outro exemplo de ressurgência é Nathan Zuckermann, presente em obras como My Life As A Man (1975), Zuckermann Unbound (1981), I Married A Communist (1998, Casei Com Um Comunista ) e The Human Stain (2000).
Tendo dado início a uma carreira docente em meados da década de 60, e que incluiu a sua passagem por instituições como as universidades de Princeton e Nova Iorque, Philip Roth encontrou muita da sua inspiração em incidentes e ambientes da vida académica.
Em 1991 publicou um volume dedicado à história da sua própria família, Patrimony , trabalho que foi galardoado com o National Critics Circle Award no ano seguinte, uma entre as muitas honrarias concedidas ao autor. Em 1997, Philip Roth ganhou Prémio Pulitzer com Pastoral Americana. Em 1998 recebeu a Medalha Nacional de Artes da Casa Branca e em 2002 o mais alto galardão da Academia de Artes e Letras, a medalha de Ouro da Ficção, anteriormente atribuída a John dos Passos, William Faulkner e Saul Bellow, entre outros. Ganhou duas vezes o National Book Critics Award. Em 2005, Roth tornar-se-á o terceiro escrito americano vivo a ter a sua obra publicada numa colecção completa e definitiva pela Library of America. A publicação do último dos oito volumes está prevista para 2013. Em 2011 recebe o Man Booker International Prize, prémio que procura destacar a influência de um escritor no campo da literatura. Trata-se de um reconhecimento do trabalho pessoal, e não de uma obra sua em particular.

ALDA LARA NO CLUBE DE LEITURA

Na passada 5ª feira, pelas 21 horas decorreu mais uma animada sessão do Clube de Leitura. 
Apesar da noite estar muito chuvosa e com outras alternativas bem tentadoras, compareceram à volta de onze participantes. 
A Dra. Teresa Stanislau orientou a sessão com algumas informações complementares sobre a biografia de Alda Lara, o que se tornou fundamental para uma melhor compreensão da sua obra poética. 

A próxima sessão está marcada para o dia 24 de Abril com a obra de Philip Roth "A humilhação".


sábado, 9 de março de 2013

LEITURA DE MARÇO



Tema indicado: Poesia
Autores indicados: Alda Lara e Eugénio de Andrade
Animadora convidada: Dra. Teresa Stanislau
Destinatários: público em geral
Data: 27 de março de 2013
Horário: 21h00  às 22h00
  


 ALDA LARA









Nota Biobibliográfica

 Alda Ferreira Pires Barreto de Lara Albuquerque nasceu em Benguela, Angola, a 9 de Junho de 1930, e faleceu em Cambambe, Angola, a 30 de Janeiro de 1962. Era casada com o escritor Orlando Albuquerque. Muito nova foi para Lisboa onde concluiu o 7º ano dos liceus. Frequentou as Faculdades de Medicina de Lisboa e Coimbra, formando-se por esta última com a apresentação da tese de licenciatura sobre psiquiatria infantil. Em Lisboa esteve ligada a algumas das actividades da Casa dos Estudantes do Império. Declamadora, chamou a atenção para os poetas africanos, que então quase ninguém conhecia. Depois da sua morte, a Câmara Municipal de Sá da Bandeira instituiu o Prémio Alda Lara para poesia. Orlando Albuquerque propôs-se editar-lhe postumamente toda a obra e nesse caminho reuniu e publicou já um volume de poesias e um caderno de contos. Colaborou em alguns jornais ou revistas, incluindo a Mensagem (CEI). Figura em: Antologia de poesias angolanas, Nova Lisboa, 1958; amostra de poesia in Estudos Ultramarinos, nº 3, Lisboa1959; Antologia da terra portuguesa - Angola, Lisboa, s/d (1961?); Poetas angolanos, Lisboa, 1962; Poetas e contistas africanos, S.Paulo, 1963; Mákua 2 - antologia poética, Sá da Bandeira, 1963; Mákua 3, idem; Antologia poética angolana, Sá da Bandeira, 1963; Contos portugueses do ultramar - Angola, 2º vol, Porto, 1969. Livros póstumos: Poemas, Sá da Bandeira, 1966; Tempo de chuva, 1973.
Segundo Orlando de Albuquerque, no prefácio ao livro de Poemas de Alda Lara (Porto, Vertente, 1984, 4ª ed.), “a sua poesia caracteriza-se por uma intensa angolanidade implícita e, sobretudo, por um extremo amor e carinho, quase ternura, pelos outros. Ternura de menina-mulher, que sofria com os sofrimentos alheios, que vibrava com as desgraças da sua terra […]”.
As seguintes estrofes do poema «Prelúdio», de Alda Lara, ilustram a busca da identificação imagética da situação a que foram expostas as comunidades africanas de língua portuguesa, em especial as mulheres, durante a colonização:  

Pela estrada desce a noite…
Mãe-Negra, desce com ela...
Nem buganvílias vermelhas,
nem vestidinhos de folhos,
nem brincadeiras de guisos,
nas suas mãos apertadas.
Só duas lágrimas grossas,
em duas faces cansadas.
Mãe-Negra tem voz de vento,
voz de silêncio batendo
nas folhas do cajueiro...
Tem voz de noite, descendo,
de mansinho, pela estrada...
Que é feito desses meninos
que gostava de embalar?...
Que é feito desses meninos 
que ela ajudou a criar?...
Quem ouve agora as histórias
que costumava contar?...
Mãe-Negra não sabe nada...
Mas ai de quem sabe tudo,
como eu sei tudo
Mãe-Negra!...
Os teus meninos cresceram,
e esqueceram as histórias
que costumavas contar...
Muitos partiram p'ra longe,
quem sabe se hão-de voltar!...
Só tu ficaste esperando,
mãos cruzadas no regaço,
bem quieta bem calada.
É a tua a voz deste vento,
desta saudade descendo,
de mansinho pela estrada…

Lisboa, 1951

  



 EUGÉNIO DE ANDRADE



A cidade deve ter sido sensível a tal escolha, pois fê-lo cidadão honorário, concedendo-lhe por duas vezes a sua medalha de ouro. Eugénio de Andrade nasceu em Povoa de Atalaia (Fundão), a 19 de Janeiro de 1923. A família que lhe coube em sorte vai de camponeses abastados a mestres de obras, que, nos primeiros anos do século, nada tinham de parecido com os actuais - portanto gente que trabalhava a terra e a pedra. Mas será a mãe, com quem emigra aos sete anos, primeiro para Castelo Branco e um ano depois para Lisboa, a figura tutelar e poética da sua vida, como todo o leitor da sua poesia sabe. (A mãe, o falar materno, "o quente de uma vida infantil muito perto da natureza mais elementar", virão a desempenhar um papel central na sua poesia). Em Lisboa vai viver e estudar, com um interregno de 43 a 46 em Coimbra, até finais dos anos 50. Em 1947, ingressa nos quadros dos Serviços Médico-Sociais, do Ministério da Saúde, onde desempenhará durante 35 anos a mesma função - a de inspector administrativo - por sempre se ter recusado a fazer concursos de promoção. A sua transferência para o Porto, por razões de serviço, deu-se em Dezembro de 1950.
Apesar do seu prestígio (Eugénio de Andrade é dos nossos raros escritores com repercussão internacional, com os seus 55 títulos traduzidos, e cuja obra, entre nós, tem conhecido sucessivas reedições), viveu sempre extremamente distanciado do que se chama vida social, literária  ou mundana, avesso à comunicação social, arredado de encontros, colóquios, congressos, etc., e as suas raras aparições em público devem-se a «essa debilidade  do coração, que é a amizade», devendo encarar do mesmo modo o facto de ser membro da Academia Mallarmé, de Paris. Cabe aqui referir que nunca concorreu aos prémios que lhe foram atribuídos, quer em Portugal ou na França, quer no Brasil ou na Jugoslávia, como nunca ninguém o viu usar qualquer insígnia das condecorações com que foi agraciado.
A obra de Eugénio de Andrade, escrita ao longo dos últimos 50 anos, tem início em 1942 com Adolescente, livro hoje renegado, tal como  Pureza, de 45, dos quais fez mais tarde uma breve selecção que designou por Primeiros Poemas (77), é constituída, principalmente pelos seguintes títulos de poesia: As Mãos e os Frutos (48), Os Amantes sem Dinheiro (50), As Palavras Interditas (51), Ate Amanhã (56), Coração do Dia (58), Mar de Setembro (61), Ostinato  Rigore (64), Obscuro Domínio (72), Véspera de Água (73), Escrita da terra (74), Limiar doa Pássaros (76), Memória Doutro Rio (78), Matéria Solar (80), O Outro Nome da Terra (88), Rente ao Dizer (92), Oficio da Paciência (94), O Sal da Língua (95), Pequeno Formato (97), Os Lugares do Lume (98), Os Sulcos da Sede (2001); de prosa: Os Afluentes do Silêncio (68), Rosto Precário (79), À Sombra da Memória (93); para crianças: História da Égua Branca (77), Aquela Nuvem e Outras (86). Traduziu principalmente Safo, Garcia Lorca e Cartas Portuguesas, tendo ainda organizado algumas antologias, quase todas sobre a terra Portuguesa, caracterizadas pela ausência de preconceitos e sectarismos literários, das quais se destacam: Daqui Houve Nome Portugal, Memórias de Alegria, Canção do Mais Alto Rio, Poesia  - Terra da Minha Mãe, os últimos com  a colaboração do fotógrafo Dario Gonçalves, A Cidade de  Garrett, com desenhos de Fernando Lanhas, e Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa. Traduzido em cerca de 20 línguas, a poesia de Eugénio de Andrade tem sido estudada e comentada por, entre outros, Vitorino Nemésio, João Gaspar Simões, Óscar Lopes, António José Saraiva, Eduardo Lourenço, Jorge de Sena, Eduardo  Prado Coelho, Arnaldo Saraiva,  Joaquim Manuel Magalhães, Fernando Pinto do Amaral, Luís Miguel Nava, Angel Crespo, Carlos V. Cattaneo, e suscitado o interesse de vários músicos, entre os quais Fernando Lopes-Graça, Jorge Peixinho, Filipe Pires, Clotilde Rosa, Mário Laginhas e Paulo Maria Rodrigues.
Viveu no Porto - de que foi cidadão honorário e onde foi criada uma Fundação com o seu nome - até a sua morte a 13 de Junho de 2005.

AS PALAVRAS
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam;
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
(CORAÇÃO DO DIA)


FRÉSIAS
Uma pátria tem algum sentido
quando é a boca
que nos beija a falar dela,
a trazer nas suas sílabas
o trigo, as cigarras,
a vibração
da alma ou do corpo ou do ar,
ou a luz que irrompe pela casa
com as frésias
e torna, amigo, o coração tão leve.
(RENTE AO DIZER)

ESPERA
Horas, horas sem fim,
pesadas, fundas,
esperarei por ti
até que todas as coisas sejam mudas.
Até que uma pedra irrompa
e floresça.
Até que um pássaro me saia da garganta
e no silêncio desapareça.
(AS MÃOS E OS FRUTOS)