sexta-feira, 1 de março de 2024

CLUBE DE LEITURA - MARÇO

Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada. 

As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.

O Clube de Leitura reunirá a 28 de março, pelas 21h00.

O livro selecionado será "Sashenka", de Simon Sebag Montefiore". 



Sinopse: Uma saga familiar arrebatadora que retrata o século XX russo, desde os últimos dias dos czares até à ascensão do comunismo e ao posterior período pós-soviético.
Inverno de 1916: a Rússia está à beira da revolução. Do lado de fora do Instituto Smolny para Meninas Nobres, uma precetora inglesa está à espera que a sua aluna saia da escola. Mas a polícia secreta do czar também está…

Bonita e obstinada, Sashenka Zeitlin tem apenas dezasseis anos. Nascida numa família burguesa e bem-relacionada com o regime do czar, enquanto a sua mãe vai a festas com Rasputine, Sashenka escapa para a noite gelada para desempenhar o seu papel num perigoso jogo de conspiração e sedução.

Vinte anos depois, Sashenka é casada com um poderoso líder comunista, de quem tem dois filhos. À sua volta há pessoas a desaparecer, mas no mundo secreto da elite a sua família mantém-se a salvo. Tudo está prestes a mudar, quando Sashenka se apaixona irremediavelmente e embarca num amor proibido, que lhe trará consequências devastadoras.

A história de Sashenka esteve escondida durante mais de meio século, até que uma jovem historiadora mergulha nos arquivos privados de Estaline e descobre uma vida extraordinária marcada pela traição, redenção, crueldade e heroísmo. A história de uma mulher forçada a fazer uma escolha impossível.

 

Quem é Simon Sebag Montefiore?


Nasceu em 1965 e cursou história na Universidade de Cambridge. Catherine the Great and Potemkin foi incluído na lista final dos Prémios Samuel JohnsonDuff Cooper e Marsh BiographyEstaline, a corte do Czar Vermelho ganhou o History Book of the Year Prize dos British Books AwardsO jovem Estaline foi agraciado com o Costa Biography Award (Reino Unido), com o LA Times Book Prize for Biography (Estados Unidos), com Le Grand Prix de la Biographie Politique (França) e com o Kreisky Prize for Political Literature (Áustria). Montefiore, que é ainda autor de um romance, Sashenka, tem os seus livros traduzidos em mais de 35 línguas. Membro da Royal Society of Literature, Simon Montefiore vive em Londres com a mulher, a romancista Santa Montefiore, e as duas filhas do casal.

 


CLUBE DE LEITURA - FEVEREIRO

Na passada quinta-feira, dia 29 de fevereiro, pelas 21h00, decorreu a sessão mensal do Clube de Leitura para a análise e discussão da obra "Manhã e noite" de Jon Fosse, Prémio Nobel da Literatura 2023.

Foi consensual que a obra selecionada se trata de uma obra de arte literária, um diamante precioso, que merece uma leitura atenta e apaixonada.

O romance que divide-se em apenas dois capítulos. Manhã e noite, que simbolicamente representa o nascimento e a morte, o autor, através de uma linguagem poética, inovadora, de uma desconcertante simplicidade, leva-nos a revisitar a vida de Johannes, num confronto com a morte, mas também com a aceitação do ciclo natural da vida e a inevitabilidade da morte.

Num ambiente tipicamente nórdico, mágico das autoras boreais, nebuloso, agreste, ventoso, gelado, marítimo, onde não falta um cais de pesca e o isolamento associado a estes lugares inóspitos, somos convidados à melancolia, à reflexão e à filosofia.

No entanto, a mensagem final que nos surge é pacificadora. Não é preciso ter medo da morte, porque a passagem pode ser doce e tranquila, sem dores físicas ou psíquicas e não tem que ser solitária. Pode ser sim, um paliativo para as angústias, em que num sussurro nos sugere resignação, apontando o caminho para o despojamento, aceitação e resignação.

Concluindo, trata-se de uma reflexão sobre o significado da vida, Deus e a morte.

 

Já conhecíamos  o autor. 

Ainda nos lembramos da história dramática de Asle e Alida à procura de um teto para uma nova vida, no romance Trilogia e, por isso, em Manhã e Noite, não estranhamos o isolamento, a solidão, a pobreza e a dureza da vida neste território norueguês, aqui revelado.  Por isso, também estávamos já um pouco familiarizados com o estilo pós-moderno do autor, com muitas semelhanças às do romance anterior, embora agora com mais repetições e mais despontuação, que induzem maior dinamismo e fluidez aos diálogos, bem como musicalidade e poesia ao texto.

No entanto, em Manhã e Noite, Fosse surpreende-nos, a poucas páginas do início, toda ela dedicada ao parto bem sucedido, com um salto temporal paradoxal, levando-nos abruptamente para o momento da morte de Johannes, o personagem principal, deixando o leitor temporariamente aturdido pelo hiato criado.

Mas a narrativa segue e o leitor deixa-se levar, acabando por reconhecer a oposição que o autor estabelece ao passar da primeira parte do romance,  a do dizer, do fazer, do concreto…, para a segunda parte, na qual predomina o pensar, a indecisão,  isto é … manhã/noite, como sugere o título, ou o mesmo seria dizer  vida/morte.

De facto, na segunda parte, Fosse revela-nos Johannes, só, muito envelhecido, às portas da morte, como um fantasma que revisita os momentos da sua longa vida de pescador, marcada pela morte da mulher Erne, pelo amor dos filhos, em especial de Signe  e sobretudo pela amizade inabalável de Peter que, por ser o seu melhor amigo, é incumbido de o levar ao último destino.

Os diálogos e os não-ditos finais, de ordem metafísica, em que Johannes questiona Peter sobre quem vão encontrar no lugar para onde vão, em circunstâncias tão más para navegar, são angustiantes mas apenas e só até tudo ser unificado, indiferenciado, desvanecido, até restar apenas o amor de Signe pelo pai.

Gostei muito do livro.

Luísa Correia





 




terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada. 

As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.

O Clube de Leitura reunirá a 25 de fevereiro, pelas 21h00.

O livro selecionado será "Manhã e noite", de Jon Fosse. 



Sinopse: Um menino está prestes a nascer, chamar-se-á Johannes como o avô e será pescador como o pai. Uma vida boa, é esse o desejo de quem o traz ao mundo, embora este seja um mundo duro, ruim e cruel. Um homem, velho e sozinho, morre chama-se Johannes e foi pescador.

É o seu melhor amigo que o vem buscar rumo a esse destino onde não há corpos nem palavras, apenas tudo aquilo que se ama. Antes do regresso definitivo ao nada, Johannes revisita o museu da sua vida, longa, simples e quotidiana, confrontando-se paulatinamente com a morte num constante entrelaçamento de real e alucinação, passado e presente.

Manhã e Noite é um romance sobre o maravilhoso sonho que é viver e a aceitação do ciclo natural das coisas. Numa linguagem poética e elíptica, inovadora e despojada, Jon Fosse condensa toda uma existência em dois momentos-chave, urdindo uma reflexão encantatória sobre o significado da vida, Deus e a morte.

Quem é Jon Fosse?




É um dos mais importantes e celebrados autores vivos. Nasceu em 1959, em Strandebarm, no Oeste da Noruega, e vive atualmente numa residência honorária situada nas propriedades do Palácio Real de Oslo, chamada «Grotten», bem como em Hainburg, Áustria, e em Frekhaug, Noruega.
Escritor e dramaturgo prolífero, estreou-se em 1983 com o romance Raudt, svart [Vermelho, preto], tendo recebido vários prémios ao longo da sua carreira, entre os quais o Prémio Internacional Ibsen, o Prémio Europeu de Literatura e o Prémio de Literatura do Conselho Nórdico e Prémio Nobel da Litetratura em 2023.
A sua extensa obra, traduzida em mais de quarenta línguas, inclui romance, teatro, poesia, livros para crianças e ensaio.

Críticas

«Jon Fosse foi comparado a Ibsen e a Beckett, mas a sua obra é muito mais do que isso. Em primeiro lugar, apresenta uma intensa simplicidade poética.»
The New York Times

«Fosse é um místico cuja linguagem dá vida à natureza, um poeta cuja voz faz a prosa cantar.»
Dagbladet


Na passada quinta-feira, dia 25 de janeiro, pelas 21h00, decorreu a sessão mensal do Clube de Leitura para a análise e discussão da obra "Niketche: uma história de poligamia" da moçambicana Paulina Chiziane, que ganhou em 2003 o Prémio José Craveirinha e em 2021 foi-lhe atribuído o Prémio Camões. Com o seu primeiro livro "Balada de amor e vento" publicado em 1990, tornou-se a primeira mulher moçambicana a publicar um romance.

Trata-se de uma obra de fácil leitura, muito embora contenha um glossário de terminologia africana, com uma grande fluidez de linguagem, simplicidade e espontaneidade. Os seus recursos linguísticos estão presentes na narrativa por vezes poética, através de metáforas e alegorias que aludem ao universo mítico da cultura moçambicana. Aborda temáticas contemporâneas, como a luta pela liberdade e o resgate de raízes culturais como a poligamia, o papel da mulher ao longo deste período e o seu crescente empoderamento, assim como tradições, guerras, tragédias, disputas políticas desde a colonização, à independência em 1975 e os 17 anos seguintes de uma guerra civil, que só terminou em 1992.

Paulina, que foi ativa na vida política tendo sido membro da FRELIMO, encaminha-nos para uma reflexão sobre a condição feminina, os anseios, os desejos, angústias e esperanças de quem enfrenta o machismo, o patriarcado, produto de uma sociedade conservadora e que reserva para a mulher um papel de submissão. De forma pedagógica, a autora, através da personagem principal, aponta uma estratégia para resgatar a dignidade da mulher, da sua afirmação e capacidade de participação na vida social em igualdade com os homens.

Os constantes diálogos com o espelho simbolizam uma tentativa de superação de uma imagem social. Com um humor carregado de delicadeza, expressa ideias, pensamentos e papéis da sociedade africana.

Paulina Chiziane é uma mulher livre. Escreve o que quer e como quer, sem submissão a regras. Escreve para si mesma num exercício íntimo de reflexão. Escreve para dar voz aos que a não têm, em especial às mulheres mais frágeis do seu país.

Considera-se uma contadora de histórias, de tanto que foi ouvindo à volta da fogueira, mas noites esnluaradas da sua aldeira banta. É dela que saiem as personagens dos seus romances.

Os temas sociais, a condição feminina da mulher africana, as relações de poder e submissão dirigidas do homem para a mulher são os temas inspiradores de "Kiketche: uma história de poligamia".

História muito atribulada do casamento de Rami com Tony, chefe de polícia, senhor de respeito, tu cá tu lá com ministros e outros poderosos. Casamento na igreja, aliança no dedo, comunhão de bens. Mas... Tony é incorrigivelmente infiel e, desculpando-se com a tradição, vai colecionando amantes, que usa e abusa a seu belprazer, que engravida e abandona à medida da sua vaidade, do seu autoritarismo, da sua capacidade de novas conquistas.

Rami sofre, mas é uma mulher forte, lúcida, determinada e parte à descoberta das suas rivais. E, surpreendentemente, o que começa por ser despeito, ciúme e rancor por elas, transforma-se no tempo em compreensão, solidariedade e respeito.

Afinal, Rami e as suas quatro rivais são pares e não opositoras, todas vítimas do mesmo opressor, das mesmas ofensas, da mesma humilhação. Inspiradas por Rami e somando as diferenças e virtudes de cada uma, constituem-se num corpo único, que corajosamente enfrenta e derruba Tony, conquistando o direito à felicidade e à escolha do seu próprio caminho.

Júlia Baptista









quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

CLUBE DE LEITURA - JANEIRO 2024

Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada. 

As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.

O Clube de Leitura reunirá a 25 de janeiro, pelas 21h00.

O livro selecionado será "Niketche: uma história de poligamia", de Paulina Chiziane. 


Sinopse: Rami, casada há vinte anos com Tony, um alto funcionário da polícia, de quem tem vários filhos, descobre que o partilha com várias mulheres, com as quais ele constituiu outras famílias. O seu casamento, de «papel passado» e aliança no dedo, resume-se afinal a um irónico drama de que ela é apenas uma das personagens. Numa procura febril, Rami obriga-se a conhecer «as outras». O seu marido é um polígamo! Na via dolorosa que então começa, séculos de tradição e de costumes, a crueldade da vida e as diferenças abissais de cultura entre o norte e o sul da terra que é sua, esmagam-na.


E só a sabedoria infinita que o sofrimento provoca lhe vai apontando o rumo num labirinto de emoções, de revelações, de contradições e perigosas ambiguidades. Poligamia e monogamia, que significado assumem? Cultura, institucionalização, hipocrisia, comodismo, convenção ou a condição natural de se ser humano, no quadro da inteligência e dos afetos? Paulina Chiziane estende-nos o fio de Ariadne e guia-nos com o desassombro, a perícia e a verdade de quem conhece o direito e o avesso da aventura de viver a vida.

Niketche, dança de amor e erotismo, é um espelho em que nos vemos e revemos, mas no qual, seguramente, só alguns de nós admitirão refletir-se.

Quem é Paulina Chiziane?


Nasceu em Manjacaze, Moçambique, em 1955. Estudou Linguística em Maputo, mas não concluiu o curso. Atualmente vive e trabalha na Zambézia. Ficcionista, publicou vários contos na imprensa (Domingo, na «Página Literária», e na revista Tempo). Publicou o seu primeiro romance, Balada de Amor ao Vento, depois da independência (1990), que é também o primeiro romance de uma mulher moçambicana. Ventos do Apocalipse, concluído em 1991, saiu em Maputo em 1995 como edição da autora e foi publicado pela Caminho em 1999. O Sétimo Juramento e Niketche foram publicados em Portugal em 2000 e 2002, respetivamente. Afirma: «Dizem que sou romancista e que fui a primeira mulher moçambicana a escrever um romance, mas eu afirmo: sou contadora de estórias e não romancista. Escrevo livros com muitas estórias, estórias grandes e pequenas. Inspiro-me nos contos à volta da fogueira, minha primeira escola de arte.».
Em 2014, foi agraciada pelo Estado português com o grau de Grande Oficial da Ordem Infante D. Henrique. Em 2021, recebeu o mais prestigiado galardão das letras lusófonas, o Prémio Camões.


CLUBE DE LEITURA - DEZEMBRO

Na passada quinta-feira, 14 de dezembro, pelas 20h00, decorreu mais um encontro do Clube de Leitura, desta vez para uma sessão dedicada ao Natal.

Assim, após um jantar com iguarias natalícias que todos se esmeraram por trazer, pudemos disfrutar de uma troca de textos, previamente selecionados, de poesia, prosa poética, prosa, contos, anedotas e até alguns cânticos de Natal, da autoria dos mais variados autores, como David Mourão Ferreira, Miguel Torga, António Bagão Félix, Irene Vallejo e muitos outros.



































terça-feira, 5 de dezembro de 2023

CLUBE DE LEITURA - DEZEMBRO

A sessão do clube de dezembro será dedicada ao Natal.  Faremos um jantar convívio com a partilha de iguarias gastronómicas trazidas pelos elementos do clube, seguindo-se as leituras contos, poemas, anedotas, entre outras propostas, subjacentes ao tema do Natal.

 

Dia 14 de dezembro (quinta-feira)


20h00 – jantar convívio com partilha de iguarias salgadas, vegetarianas, doces, bebidas.


21h00 - Leitura de contos, poemas, anedotas, interpretação de canções, entre outras expressões artísticas.